Luiza Tonieti veio para o Brasil com toda sua família: pai,
mãe, irmãos, tios e primos. Ambrozio Tagliaferri partiu de Florença com dois
irmãos: um foi para a Austrália e o outro acompanhou ao Brasil, rumo ao sul do
país. Ambrozio saiu de casa com 17 anos, levando apenas o talento e vontade de
trabalhar, fascinado com as oportunidades do novo mundo. Manteve contato com a
família enquanto Dona Luiza esteve viva, mas após sua morte, não escreveu mais
aos seus familiares e perdeu o vínculo com o irmão radicado no sul do Brasil.
Embora fosse analfabeto, veio com planos de se tornar mestre
de obras, trazendo revistas de construção e de arquitetura da Itália. Trabalhou
no início da implantação da capital mineira, participando da construção da
Estação Ferroviária. Dessa época vieram a amizade e o reconhecimento do seu
trabalho por João Custódio da Veiga, que o levou para trabalhar em sua
propriedade rural em São João Nepomuceno. Após a construção da sede da fazenda,
da casa de máquinas de café, do armazém e outras benfeitorias, o jovem
florentino fincou pé na pequena Vila, onde já contava com grande estima.
Ali planejou, desenhou e construiu várias residências. Na
sua equipe de profissionais qualificados não podia faltar o frentista,
responsável pelos desenhos e detalhes da frente da casa. Para essa finalidade,
trouxe de Coqueiral o compatriota Caetano Felicori. Para algumas casas
especiais, pinturas em óleo de extremo requinte eram executadas por Sr. Otto,
de origem alemã.
Dona Luiza, já radicada há mais tempo no Brasil, era uma
mulher de muitos princípios, dinâmica e enérgica, que teve uma influência muito
forte nos negócios do marido. Fazia um controle rígido das suas economias e
tomava os apontamentos das construções em dia. Localizada na rua principal da
cidade, a moradia do casal ficou pronta em 1914, com esmerado acabamento e bom
gosto. Não se mudaram para a casa por exigência da Dona Luiza, que só o faria
quando estivessem quitadas todas as dívidas assumidas com a construção.
Infelizmente, a saúde da nona teve um sério revés e nono ficou viúvo, cuidando
de seus quatro filhos, Anita, Jéferson, Aníbal e Maria. Enquanto Luiza esteve
viva, os negócios da família prosperaram e o nono teve a sua fase de maior
criação e construção. Ainda existem na cidade várias residências dessa época,
desafiando o tempo.
A culinária do nono, com forte tempero toscano e pratos
sofisticados, era uma atração de sua casa, freqüentada por amigos, companheiros
do trabalho e vizinhos. Nos finais de semana eram comuns os encontros para lembrar
da terrinha e saber das novidades, principalmente quando alguém retornava da
Itália. Ambrozio teve outras atividades: foi dono de bar, de cinema, de casa de
bilhar e de teatro, sempre com entusiasmo. Na construção da casa de sua filha
caiu do andaime e fraturou a coxa, acidente que mais tarde levou à amputação.
Passou a morar então com a filha, pela primeira vez em uma casa que tinha
construído.
Manoel Jacy Vilela Lima (Escrito segundo relato de sua mãe,
Dona Maria Tagliaferri Lima, filha de Ambrozio Tagliaferri). Fonte: www.nepomuceno.com.br
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