segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Um pouco da história de minha família Tagliaferri

No dia 01/09/1900, distante milhares de quilômetros da saudosa Itália, casaram-se Ambrozio Tagliaferri e Luiza Tonieti, na pequena vila de São João Nepomuceno, posteriormente cidade de Nepomuceno, no sul de Minas Gerais.

Luiza Tonieti veio para o Brasil com toda sua família: pai, mãe, irmãos, tios e primos. Ambrozio Tagliaferri partiu de Florença com dois irmãos: um foi para a Austrália e o outro acompanhou ao Brasil, rumo ao sul do país. Ambrozio saiu de casa com 17 anos, levando apenas o talento e vontade de trabalhar, fascinado com as oportunidades do novo mundo. Manteve contato com a família enquanto Dona Luiza esteve viva, mas após sua morte, não escreveu mais aos seus familiares e perdeu o vínculo com o irmão radicado no sul do Brasil.

Embora fosse analfabeto, veio com planos de se tornar mestre de obras, trazendo revistas de construção e de arquitetura da Itália. Trabalhou no início da implantação da capital mineira, participando da construção da Estação Ferroviária. Dessa época vieram a amizade e o reconhecimento do seu trabalho por João Custódio da Veiga, que o levou para trabalhar em sua propriedade rural em São João Nepomuceno. Após a construção da sede da fazenda, da casa de máquinas de café, do armazém e outras benfeitorias, o jovem florentino fincou pé na pequena Vila, onde já contava com grande estima.

Ali planejou, desenhou e construiu várias residências. Na sua equipe de profissionais qualificados não podia faltar o frentista, responsável pelos desenhos e detalhes da frente da casa. Para essa finalidade, trouxe de Coqueiral o compatriota Caetano Felicori. Para algumas casas especiais, pinturas em óleo de extremo requinte eram executadas por Sr. Otto, de origem alemã.

Dona Luiza, já radicada há mais tempo no Brasil, era uma mulher de muitos princípios, dinâmica e enérgica, que teve uma influência muito forte nos negócios do marido. Fazia um controle rígido das suas economias e tomava os apontamentos das construções em dia. Localizada na rua principal da cidade, a moradia do casal ficou pronta em 1914, com esmerado acabamento e bom gosto. Não se mudaram para a casa por exigência da Dona Luiza, que só o faria quando estivessem quitadas todas as dívidas assumidas com a construção. Infelizmente, a saúde da nona teve um sério revés e nono ficou viúvo, cuidando de seus quatro filhos, Anita, Jéferson, Aníbal e Maria. Enquanto Luiza esteve viva, os negócios da família prosperaram e o nono teve a sua fase de maior criação e construção. Ainda existem na cidade várias residências dessa época, desafiando o tempo.

A culinária do nono, com forte tempero toscano e pratos sofisticados, era uma atração de sua casa, freqüentada por amigos, companheiros do trabalho e vizinhos. Nos finais de semana eram comuns os encontros para lembrar da terrinha e saber das novidades, principalmente quando alguém retornava da Itália. Ambrozio teve outras atividades: foi dono de bar, de cinema, de casa de bilhar e de teatro, sempre com entusiasmo. Na construção da casa de sua filha caiu do andaime e fraturou a coxa, acidente que mais tarde levou à amputação. Passou a morar então com a filha, pela primeira vez em uma casa que tinha construído.

Manoel Jacy Vilela Lima (Escrito segundo relato de sua mãe, Dona Maria Tagliaferri Lima, filha de Ambrozio Tagliaferri). Fonte: www.nepomuceno.com.br

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